Dois dias de greve forte <br>na Valorsul e na Amarsul
LUTA Os trabalhadores da Valorsul e da Amarsul aderiram em força à greve de dias 14 e 16, pela valorização dos salários e pela garantia de direitos, mas também contra a privatização da EGF.
A luta não vai parar, garantem os trabalhadores e os sindicatos
Convocada pelos sindicatos da CGTP-IN nas duas empresas, a greve teve uma elevada adesão desde início, na madrugada de quarta-feira, encerrando as instalações.
Na Amarsul, no primeiro turno, a adesão foi de 95 por cento, como adiantou o SITE Sul. Nessa madrugada estiveram no Ecoparque de Palmela, sede da empresa, o Secretário-geral da CGTP-IN, Arménio Carlos, o coordenador da União dos Sindicatos de Setúbal, Luís Leitão, e outros dirigentes sindicais, bem como Rui Garcia, presidente da CM da Moita e da Associação de Municípios da Região de Setúbal, e Bruno Dias, deputado do PCP.
Na notícia publicada no sítio electrónico da Fiequimetal, assinalava-se ainda que nas instalações não tinha entrado qualquer veículo de recolha de resíduos indiferenciados (a cargo das câmaras municipais) e estava interrompido o depósito em aterro. De tarde, como informou o STAL, a adesão global foi de 85 por cento, registando-se 100 por cento na Central de Valorização Orgânica e na recolha selectiva (resíduos recicláveis, a cargo da Amarsul), e 50 por cento, na triagem.
Na Valorsul a greve iniciou-se com elevada adesão, os portões foram fechados à meia-noite, deixaram de entrar viaturas dos municípios e a incineradora parou. No aterro do Cadaval, dos seis carros destinados à recolha nos municípios do Oeste saíram três, no turno da manhã, e nenhum no turno da tarde, como disse Navalha Garcia, dirigente do SITE CSRA, à agência Lusa.
Em São João da Talha (Loures), na Central de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos, onde está instalada também a sede da Valorsul, no momento do fecho dos portões, um dirigente da Fiequimetal e do SITE CSRA, trabalhador da Valorsul, usou da palavra para lembrar os motivos da luta. Depois de Mário Matos, expressaram apoio à greve, em breves saudações ao piquete e demais trabalhadores, Libério Domingues (da Comissão Executiva da CGTP-IN e coordenador da União dos Sindicatos de Lisboa), Bernardino Soares (presidente da CM de Loures) e José Alberto Quintino (presidente da CM de Sobral do Monte Agraço).
A deputada Ana Mesquita representou o grupo parlamentar do PCP. Esteve igualmente representado o Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa.
No dia 16, sexta-feira, na Amarsul, a greve teve 98 por cento de adesão, de acordo com o SITE Sul e o STAL, parando a empresa e impedindo a recolha selectiva e o depósito no aterro. Sem avançar percentagens, o SITE CSRA informou que também na Valorsul a laboração ficou paralisada, continuando apenas a ser garantidos os serviços mínimos, na CTRSU, em São João da Talha, e no aterro do Mato da Cruz (Vila Franca de Xira).
Reivindicações
Os trabalhadores e os sindicatos reivindicam aumentos salariais justos e o cumprimento dos acordos de empresa, e persistem em defender a reversão da privatização do serviço público de tratamento e valorização de resíduos sólidos, que desde Julho de 2015 foi entregue à SUMA e ao Grupo Mota-Engil, por via da privatização de 95 por cento do capital da Empresa Geral do Fomento – que detém a maioria do capital social dos onze sistemas multimunicipais constituídos no sector.
Na Valorsul, é exigida a publicação integral do Acordo de Empresa, tal como foi prática nos anos anteriores.
Na Amarsul, onde os rendimentos dos trabalhadores sofreram um brutal ataque nos últimos sete anos, o accionista privado impôs uma distribuição de lucros superior a 6,8 milhões de euros, mas insiste em não aumentar salários e não respeitar direitos laborais.
Também os municípios da Região de Setúbal contestaram aquela decisão e no dia 12, numa reunião realizada por sua iniciativa com a presidente da Amarsul, voltaram a defender a aplicação dos resultados na empresa, o que terá reflexos positivos no valor da tarifa e na melhoria do serviço público.